Por trás da montanha de serragem lá vem Vandelino Bratz, mais conhecido como Lico, com sua inseparável pá e as roupas cheias de tinta. Lico trabalha como operador de máquina na Secretaria de Obras há 34 anos e há 30, nesta época, ele fica responsável por colorir os resíduos de madeira que formam os tapetas da tradicional celebração de Corpus Christi.
Em todo esse tempo, diz nunca ter atrasado a entrega das encomendas. São quase cinco mil quilos de pó de serra, trazidas para a Secretaria de Obras em três caminhões, em sacos de mais ou menos 60 kg de serragem em cada um. Lico, conta, feliz, que fez 55 anos no último dia dos namorados, que coincidiu o jogo da estreia do Brasil na Copa. Vaidoso, exibe o pescoço repleto de adereços. “Meu estilo é assim, adoro andar com ouro e prata”, destaca, ao mostrar seus anéis, pulseiras e correntes.
Seu trabalho vai para todos os bairros da cidade: Centro, Dom Bosco, São Vicente, São João, Itaipava entre outros. No início de junho, ele começa os serviços. Neste ano, conta com a ajuda do filho Ricardo de Souza Bratz, 20 anos, apelidado carinhosamente como Mano.
Dentro da Secretaria de Obras, a serragem é ele mesmo quem busca. Utiliza três balaios, um balde de lata, bisnagas de tinta, onde mistura com a água e mexe com a pá. As mãos calejadas moldadas pelo trabalho pesado não param um instante.
Católico não praticante, Lico diz que ora todos os dias em casa, no trabalho, onde estiver e com orgulho exibe seu crucifico de ouro no pescoço. “Nunca fui a uma celebração de Corpus Christi, vai que eles saibam que é eu que faço a pintura da serragem, aí fico famoso”, encerra, com bom humor.
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